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Conversação na Web é possível

Os blogs são espaços de sociabilidade e possibilitam a conversação entre leitores e blogueiros? Para quem ainda tem dúvida, sugiro mais um artigo lá do Wiki da Raquel. O texto “Blogs como espaços de conversação: Interações conversacionais na comunidade de blogs insanus” de Alex Primo e Ana Maria Reczek Smaniotto que traz bons argumentos para sustentar que os blogs são verdadeiros espaços democráticos de debates entre os internautas que os integram.

O interessante do artigo é que Primo e Reczek iniciam apresentando conceitos de autores que nos levariam a acreditar que a conversação só seria possível em interações síncronas.  Como Goffman que diz que só há a conversação nos espaços basicamente orais. Ou seja, a simultaneidade na interação se torna necessária para que haja conversação.

A Análise da Conversação dedica-se às interações orais com identidade temporal, já que “a conversação, mesmo que se dê em espaços diversos (no caso da conversação telefônica), deve ocorrer durante o mesmo tempo” (Marcuschi, 2001, p. 6). Com esse intuito, dá grande ênfase aos procedimentos de registro (gravação e transcrição) das interações espontâneas em situações cotidianas5 (Charaudeau e Maingueneau, 2004). (PRIMO e RECZEK, 2007, P. 3)

Se considerássemos tal afirmação do autor, estaríamos desconsiderando qualquer possibilidade de conversação na Internet.

Um outro conceito citado pelos autores do artigo que me levou a compreender um pouco mais sobre quando há ou não conversação numa interação é de Simmen. Para o autor, a conversação deixa de ser sociável quando passa a ter um caráter de busca de objetivos. Nesse caso, a busca seria a confirmação de verdades. Na conversação, a busca gira em torno de se manter a relação.

O autor vai estudá-la como uma forma pura de sociabilidade, em que a fala é um fim em si mesmo. O conteúdo é um condutor indispensável daquela estimulação. Isso não quer dizer que ele seja irrelevante, já que o conteúdo precisa ser interessante e mesmo significativo. A diferença é que não se está buscando resultados objetivos, o que cairia fora da conversação. Assim que a discussão ganhe um tom administrativo, de negócios, ela deixa de ser sociável, tendo como foco a confirmação de verdades. Já na conversação, o fato de algo dito ser aceito não é um fim em si, mas uma forma de manter a vivacidade da relação, o entendimento mútuo e o sentimento de grupo. (PRIMO e RECZEK, 2007, P. 2)

Então, para que haja conversação é necessário que os interagentes se esforcem em manter a conversa. Isso é como numa interação presencial, que para se ter conversação é necessário que os dois busquem tal mutualidade. A reciprocidade na interação se torna essencial para o diálogo e seu conteúdo de interesse dos participantes. Lembro de um exemplo do próprio Alex durante uma aula. Imagine esse diálogo entre duas pessoas.

       Bom dia!

       Como bom dia? Só se for pra você, comigo está tudo péssimo.

Então, não houve esforço nenhum do segundo interagente em manter um diálogo. A simples resposta dele, totalmente inesperada, acaba por eliminar a possibilidade de início de uma conversação.

Esse aspecto da troca na conversação mostra que em muitos espaços de comentários que vimos nos blogs não há tal diálogo. Pois, as vezes eles são desconexos e o autor do blog não chega a desenvolver um interesse de sociabilidade. Isso me faz pensar nos comentários dos sites jornalísticos, já que a maioria dos participantes comentam sua opinião frente à notícia, mas raramente voltam para ver o que outros estão comentando. O jornalista também não responde os comentários, o que seria uma ótima forma de sociabilidade. Apenas me pergunto se isso pode ser considerado de cunho social, pois pelo o que entendi do conceito de Simmel, isso estaria se encaixando melhor numa conversa administrativa, em que a busca pela mutualidade não aparece.

Os autores do artigo recorrem a Herring para justificar que a conversação só não é possível entre duas pessoas, como pode se estender entre outros. Como numa sala de chat ou na blogosfera.

Herring (1999), por outro lado, aponta que as violações na coerência seqüencial são a regra e não a excessão na comunicação mediada por computador. Mensagens contectadas entre si, são com frequência separadas por muitas outras intervenientes. Conversações online em salas de bate-papo podem parecer caóticas para iniciantes. Porém, dois participantes podem estar trocando mensagens entre si, sem mesmo levar em conta o que os outros estão dizendo. (PRIMO e RECZEK, 2007, P. 4)

Primo e Reczeck chegam a salientar alguns aspectos da autora que poderiam dificultar a conversação, mas o que se percebe é que os internautas se apropriam da tecnologia de tal forma que acabam por gerar novas formas de conversação humana.

Quanto à pesquisa na comunidade de blogs insanus, eles trazem alguns exemplos interessantes, alguns cômicos, que mostram claramente a conversação. Baseiam-se em Efimoca e Moor para justificar o motivo de haver conversação nos blogs.

Os autores definem conversações em blogs como “a series of interrelated (interlinked) weblog posts and comments on a specific topic, usually not planned, but emerging spontaneously” (p. 1). A conversação em blogs ocorre quando um post motiva o feedback de outros internautas. (PRIMO e RECZEK, 2007, P. 4)

Há diversos outros aspectos apresentados no artigo que levam a entender como se dá a conversação nos blogs. Tanto que chegam a apresentar um exemplo que mostra a possibilidade de conversação com o “self”.

Comentários possibilitam conversação

Raquel criou um Wiki com referências de artigos científicos que têm como tema os blogs no Brasil. Na relação, já se pode encontrar produções desde o ano 2000 do assunto. O artigo “Escritores de Blogs: Interagindo com os Leitores ou Apenas Ouvindo Ecos?“, de autoria de Flávia Di Luccio e Ana Nicolaci-da-Costa, chamou-me a atenção por tratar de dois aspectos que estou trabalhando em minha monografia da especialização e que, também, irei pesquisar no mestrado que são: a Interação Mediada por Computador; e, os comentários nos blogs.

As autoras dividem a escrita em quatro cenários, partindo dos pergaminhos da Antigüidade grega e romana até a revolução digital na contemporaneidade, quando a nova plataforma passa a ser a tela do computador. Referindo-se a Chartier, explicam que os leitores precisavam das duas mãos para segurar o papiro e que isso os limitava a escrever durante a leitura. Assim, como o escritor que viria a utilizar de uma outra pessoa, o escriba, para produzir seus textos que eram ditados. Depois, surgiram os livros manuscritos, denominados de códice. Revolucionários para a escrita e leitura da época permitindo se ler e escrever ao mesmo tempo, já que se podia folhar os cadernos como os livros atuais. No século XV, surgiu a imprensa de Gutenberg e foi quando se pode popularizar a escrita, pois os custos e tempo de produção caíram consideravelmente. Mas, elas destacam que, segundo Chartier, o fundamento de produção e leitura continuavam muito próximos dos suportes anteriores que eram baseados na “distribuição do texto na superfície da página, numerações, índices, sumários” (P. 667).

Esses aspectos do suporte técnico de produção e leitura se tornam essenciais para que se compreenda a questão da revolução digital que virá para possibilitar a interação entre autores e leitores. Segundo as autoras, nos suportes anteriores “não há a possibilidade de leitores e escritores se comunicarem” (P. 667). As opiniões e críticas dos leitores podiam ser inseridas apenas em espaços secundários e limitados, como as margens, folhas em branco ou contracapa. Nesse ponto, compreendo que as autores foram um pouco radicais em afirmar que a comunicação não era possível. O leitor poderia enviar uma carta com seus comentários ou mesmo discutir presencialmente suas opiniões. No entanto, a possibilidade de se obter uma interação no mesmo suporte, como na tela do computador, influenciando avanços no processo de produção foi muito bem ressaltada por elas. No momento em que autor e leitor interagem no mesmo suporte técnico se torna possível a conversação entre eles.

Na visão de Chartier (1999), a revolução digital gerou mudanças muito mais radicais do que a revolução da imprensa por diversos motivos. Entre esses motivos, estão os de que a tela do computador: (a) permite que qualquer texto seja lido ou escrito em um mesmo e único suporte textual; (b) gera o desaparecimento dos critérios imediatos, visíveis, e de materiais de classificação e hierarquização dos discursos (paginações, indexações, citações, notas de pé de página, capítulos ou anexos); (c) faculta o surgimento do hipertexto, ou seja, de um texto não linear, não seqüencial e repleto de links que remetem a outros textos, e (d) inaugura a possibilidade de diálogo entre leitores e escritores. (P. 667)

Os comentários em blogs possuem tais características e por esses motivos possibilitam a interação entre leitores-autores e leitores-leitores. A comunicação entre essas partes pode chegar ao nível de não se ter um único autor do texto, onde surgirá a questão da cooperação, que segundo as autoras foi inaugurada com esse novo suporte textual.

É a tela do computador como suporte textual que inaugura a possibilidade de diálogo (e/ou cooperação) entre escritores e leitores, diálogo esse que pode ocorrer no espaço do próprio suporte. Segundo Chartier (2002), essa inovação é tão radical que faz com que os leitores possam se transformar em co-autores, dado que seus comentários e intervenções podem chegar aos escritores rápida e diretamente, sem passar por intermediários como antes. (P. 667-668)

Então, através de blogs se pode ter uma nova concepção de produção textual e os comentários passam a ser ferramentas de extrema importância para que isso ocorra. Mas, uma das principais questões da pesquisa das autoras era identificar até que ponto os autores dos blogs estavam aproveitando essas possibilidades.

Os resultados delas trazem questões interessantes. Como a da importância dos comentários para os autores dos blogs pesquisados continuarem postando. A pesquisa identificou que um dos principais motivos que leva a manutenção dos blogs é a facilidade de que eles têm de publicar textos sem restrições. Ou seja, como as próprias autoras salientam, a liberdade de expressão possibilitada em blogs leva as pessoas a manterem seus espaços atualizados. “Escrever sem restrições ou regras pré-estabelecidas é, portanto, um grande atrativo que os blogs oferecem” (P. 671).

[…] os participantes da pesquisa apontaram como importante para a criação e manutenção de seus blogs é a possibilidade de saber a opinião de seus leitores. Em sua visão, o blog é um ambiente propício, não somente para publicar com liberdade mas também para interagir com os leitores e conhecer pessoas. (P. 672)

Mas, outro resultado traz a tona uma questão, que diz respeito à possibilidade de se ter a opinião a respeito do textos publicados, de se interagir com os leitores. Nesse aspecto, todos os autores pesquisados deixaram claro que não gostam de receber críticas e, alguns, raramente respondem os comentários. Porém, essa não seria uma das grandes vantagens que os levava a publicar?

Essa contradição me faz entender que as pessoas, antes de pensarem em textos coletivos e geração de debates na rede, possam estar buscando exclusivamente por reputação, já que desejam ter seus textos lidos e comentados, desde que sejam elogiados. No artigo, podem ser encontrados depoimentos dos autores pesquisados com expressões do tipo “putaço” ao se referir ao sentimento em relação a uma crítica.

A última questão que saliento do artigo é quanto ao uso dos comentários como um termômetro de popularidade mencionado pelos entrevistados. Se eles estivessem realmente preocupados apenas em saber isso e que os comentários são o que possibilitam essa mensuração, bastaria verificar as estatísticas dos blogs para saber quantas pessoas estão lendo seus textos. O que reforça a hipótese de que esses autores buscam  por reputação na rede.

Mas, é importante ficar claro que esses resultados foram abordados em cima do artigo mencionado. Pois, eu acompanho alguns blogs onde encontro todas essas possibilidades de conversação e trocas mencionadas com grande freqüência. Já vi blogueiros mudarem de opinião em verdadeiros debates online nas caixinhas de comentários e, ainda, estimularem críticas aos seus textos.

O certo é que fico contente em ler esse artigo, por ver que há muito a ser discutido e estudado nesse tema, como as próprias autoras sugerem, confirmando algumas da minhas idéias ao mesmo tempo que me deixam com muitas dúvidas da tendência do uso dos blogs pela sociedade.

Conhecendo o Web Research

Faz algum tempo que eu estava querendo fazer um novo blog para postar com mais freqüência sobre os temas que eu gosto e que estudo, que envolvem a comunicação e a informação na Internet. Isso se torna possível a partir de agora que iniciarei o meu mestrado e irei poder me dedicar exclusivamente à vida acadêmica. O blog anterior permanecerá no ar como forma de arquivo do tempo da graduação, quando descobri o quanto se pode compartilhar informações e se aprender com os blogs e, principalmente, quando passei a me interessar em participar de pesquisas científicas. Nessa primeira postagem, não farei qualquer apresentação pessoal por já estar na área about, mas seguirei a tendência de todos e irei apresentar o blog “Web Research: comunicação e informação na web”.

  • Projeto Gráfico
Preocupei-me em criar uma certa identidade para o blog em um design limpo, para que a leitura seja agradável aos visitantes. Os serviços na barra lateral foram dispostos na importância que julgo ser de interesse da maioria, com o objeitivo de facilitar o acesso às postagens e informações buscadas nesse espaço. Para isso, visitei outros blogs e tentei seguir a tendência desses outros blogueiros que costumo acompanhar.
  • Áreas
Um dos motivos que me levou a migrar para a plataforma WordPress foi a possibilidade da criação de áreas. Pois, queria ter a possibilidade de estar podendo dispor outras informações nesse espaço que não só as postagens propriamente ditas de um blog. Como é o caso dá área PDFs, onde estarei veiculando a minhas participações em produções científicas, com o objetivo de receber contribuições e críticas de quem por aqui passar e se interessar em compartilhar suas opiniões. As áreas estão acima e já possuo o projeto pessoal de outras que me parecem ser interessantes, mas que por enquanto não estarei divulgando, pois não tenho idéia ainda da disponibilidade que terei para as manter atualizadas e, também, porque irá depender de certa viabilidade técnica. Conforme for, estarei divulgando em breve.
  • Serviços
Na barra lateral do Web Research dispus alguns serviços com facilidades como a possibilidade de inscrever-se no sistema de RSS ou na Newsletter do Web Research, para quem preferir receber as atualizações por e-mail, no Skype ou, até mesmo, no Twitter. Nessa mesma barra, você poderá acompanhar as postagens mais lidas e os últimos comentários feitos pelos visitantes. Há ainda, o sistema de busca e a listagem das categorias e tags das atualizações do blog.
  • Categorias e Tags
A classificação do conteúdo é algo que terei uma dedicação especial e por isso tentarei abranger o máximo de temas em poucas categorias e tags. Assim, quem desejar fazer alguma associação entre as postagens dos conteúdos publicados terá mais facilidade de compará-las. Por isso, estarei me informando também das tags que vêm sendo utilizadas pelos outros blogueiros, para que possam ser feitas associações com outros blogs em serviços externos como, por exemplo, o Technorati.
  • Comentários
Como mencionado mais acima, um dos principais motivos do Web Research será compartilhar informações e, por isso, todas as áreas do blog contam com espaços para comentários. Espero poder contar com a participação dos visitantes sempre que desejarem comentar.
  • Creative Commons
O objetivo desse espaço é estritamente acadêmico. Por isso, todo o seu conteúdo está disponível para o seu uso seguindo a licença Creative Commons inscrita. Através desse blog, espero poder contribuir e compartilhar com os visitantes um pouco do que venho estudando.

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